domingo, 10 de agosto de 2008

Empregadora do 'Janeiro' registada em morada falsa

Empregadora do 'Janeiro' registada em morada falsa HELDER ROBALO Suspeita. Entidade que empregava os jornalistas de 'O Primeiro de Janeiro' está registada em morada de espaço que nunca ocupou ou de que nunca foi proprietária. Na nova morada não é visto ninguém há duas semanas. Sindicato teme que acções da Autoridade das Condições de Trabalho sejam prejudicadasDono do espaço diz que nunca o alugou à empresaA Sedico - Sociedade de Edição e Comunicação, a empregadora dos jornalistas de O Primeiro de Janeiro, nunca ocupou nem deteve o espaço com que está registada na Conservatória Comercial do Porto.

A garantia é dada pelo dono do espaço onde, outrora, funcionou um stand de automóveis e que se encontra fechado há anos. Já na nova morada indicada pela Sedico, segundo informação constante num papel afixado na porta da redacção do Janeiro, ninguém vê os funcionários há duas semanas.O caso tem contornos estranhos. Segundou apurou o DN, a Sedico encontra-se registada na Conservatória Comercial do Porto como tendo a sua sede no rés-de-chão do número 8 da Rua Caminho do Rego. Numa das fachadas do espaço encontram-se os contactos para a venda ou aluguer do espaço.

O DN telefonou e falou com Mário Pereira, o proprietário. Questionado sobre quando estivera a Sedico ali instalada, este responde que nunca. "Há uns anos, dois ou três, fui contacto por esse senhor da Sedico [José Pereira Reis] para lhe alugar o espaço", conta. Mário Pereira diz que procurou saber quem era o interessado e, perante as informações recolhidas, decidiu não aluguer o espaço.Contudo, para sua surpresa, "passado uns tempos começaram a chegar cartas para a Sedico". "Ele tinha dado a morada de lá, sem ter alugado aquilo", acrescenta Mário Pereira. Durante algum tempo, e porque não tinha o contacto de José Pereira Reis, foi devolvendo as cartas aos correios. Um dia cansou-se. "Comecei a mandar tudo para o lixo", diz.

Há cerca de um ano as cartas deixaram de chegar. É nessa altura que, segundo alguns moradores, a Sedico passou a ocupar o rés-de-chão do número 715 na Rua do Taralhão, também em Gondomar. Porém, dizem, "já não se vê ninguém para aí há duas semanas. Não sei se estão de férias", diz uma vizinha. Que acrescenta que o espaço ocupado "pelos senhores de O Primeiro de Janeiro é alugado".

Esta morada é a que a Sedico indica como local para qualquer contacto, segundo um papel afixado na porta da redacção de O Primeiro de Janeiro. No escritório, junto à porta de vidro, são visíveis vários avisos de recepção de cartas. Alguns das cartas que despediram os 32 jornalistas do Janeiro e que se encontram endereçadas à Sedico, mas para a morada da Rua Caminho do Rego, número 8.

Na sexta-feira, vários jornalistas de O Primeiro de Janeiro foram a esta morada para obter dos responsáveis da Sedico uma indicação sobre o pagamento de salários em atraso e indemnizações. Porém, também eles foram confrontados com as portas fechadas. Situação que tanto os trabalhadores como o Sindicato de Jornalistas condena.

O DN tentou contactar a Sedico, mas não conseguiu descobrir qualquer contacto da empresa.

in Diário de Notícias

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